quarta-feira, 13 de junho de 2012

24 mil pessoas comprovam: O rock ainda arrasta multidões


O rock não morreu. Apesar de termos a impressão de que ele está escondido, ainda continua bem vivo. Prova disso foi o show do Capital Inicial em Conhas no último dia 8 em Congonhas. Segundo a guarda municipal e a polícia Militar, 24 mil pessoas compareceram ao evento. A galera pulou, gritou e "pirou" ao som dos clássicos da banda Aborto Elétrico, primeira banda de Renato Russo ("Fátima" e "Que País é Esse?") e os sucessos do Capital como "Independência" e "Nathascha". Além do pop rock nacional, a multidão ainda curtiu interpretações do velho punk rock de Ramones e o rock pesado de Led Zeppelin.


Esse show me deu saudades de quando ligávamos o rádio e ouvíamos Pop Rock Nacional, Rock'n Roll...

Hoje, as rádios só tocam em sua maioria sertanejo. Sinceramente, não acredito que isso que está nas paradas de sucesso seja sertanejo. Sertanejo que conheço é "Tunico e Tinoco", "Chitão", "Trio Parada Dura", "Zezé e Luciano"... "Tchu tcha tcha", "Lê, lê, lê", "Ai, ai, ai, ai", pra mim não é sertanejo e muito menos música. As gravadoras acharam o "caminho das pedras", ou a "galinha dos ovos de ouro". Se o funk sacanagem   foi criticado, banalizado, mas vendeu horrores, por quê não apostar no "sertanejo universitário", ou "sertanejo sacanagem", que acredito pelas letras, é o que mais se parece?

A "dor de cotovelo" tradicional do sertanejo deu lugar ao sexo, com letras que atribuem esta conotação. É insuportável sintonizar certas rádios por ai e só ouvir isto. A grande mídia lança uma dupla por dia, ou será por minuto? Uma banda mal implaca um sucesso e as gravadoras já lançam outra com a mesma proposta de letras vazias, mas com "sílabas" diferentes. 

Sinto saudades do auge do rock e do pop rock no Brasil. Hoje, infelizmente, a sociedade gosta tanto do banal, da coisa fácil, que não quer ouvir uma letra que tenha uma crítica social ou que seja bem construída, bem elaborada. Ao ouvir no show do Capital de Congonhas "Que País é Esse"?, percebi como as músicas dos anos 80' tinham letras bem feitas e como ainda tocam a gente.

Na cidade que nasci, Barroso, quando era adolescente, tinha muitos amigos que gostavam de rock dos mais diferentes gêneros. Grunge, Trash Metal, Heavy Metal, Indie, Gótico, etc. A cidade tinha dois festivais de rock por ano, "Barrock" e "Fest Band". Estes eventos mexiam com o imaginário da juventude, além de incentivar a criação de bandas. Na escola que eu estudava, era muito comum meus colegas terem bandas.
Alguns continuam até hoje e estão atuando de forma profissional como é o caso do Rafael, da banda paulista de trash metal "Reviolence".

O rock mudou minha vida, pois aprendi a ser mais criativo, a me vestir melhor, a enxergar a sociedade de outra forma e a aprender mais sobre a música em si (ritmo, harmonia, tempo, melodia). Eu e mais tantos, andávamos pela minha terra natal de calças jeans e camisas xadrez, como a galera do Nirvana.Éramos conhecidos como a "galera de xadrez".

Vejo hoje em Entre Rios algumas bandas trabalhando muito bem como "Mira 21", "Overdose" e "Transtorno". A galera do "Farra Trio",  também tem se destacado ao misturar rock e viola.

Alguns espaços tem dado oportunidade como é o caso da danceteria Tróia e do bar Vila Lobo da minha grande amiga Cláudia. Mas acredito que é preciso mais. Podemos e temos condições de fazer um festival de música anual, ou um festival de rock todo ano. Ao ver a multidão em Congonhas no show do Capital percebi que o rock ainda é forte, só precisa ser incentivado.

Estamos perto de uma revolução cultural e musical. Quando a música banal domina o mercado, quando quase tudo o que se ouve não presta, a sociedade faz um movimento inverso, que muda o rumo das coisas. Foi assim em todas as revoluções musicais que ocorreram e transformou toda a cultura. Estamos perto desta mudança, podemos contribuir para que isso ocorra mais rápido, apoiando as bandas que estão mandando bem e cobrando isto dos nossos empresários, artistas e governantes.

6 comentários:

  1. Parceiro, deixa de ser desatualizado, em congonhas só deu certo poque era de graça e era simplesmente o capital inicial, danceteria cauã pelo que me lembro cansou de fazer show com bandas de entre rios e ninguém apoia, nem os proprios amigos dos integrantes vão aos shows. Vc pode até entender dessa área, mas está precisando sair de casa mais!!! Vlw

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  2. Realmente a Cauã fez vários shows apoiando a galera. Eu inclusive já fui em alguns. A banda Audiohertz, por exemplo e Scarcéus, que inclusive é reconhecida nacionalmente. Mas no texto eu quero provocar as pessoas a justamente apoiarem mais. O sertanejo infelizmente dominou o mercado, e o pior, o da mais baixa qualidade. O intuito do artigo é dizer para os leitores que o rock é bom, que ainda é forte. Mas isso precisa partir de movimentos da sociedade. As casas e bares tem feito o seu papel. Mas principalmente os comerciantes e poder público precisam apoiar os movimentos. A galera iria mais nos eventos se tivessem festivais de música na cidade, pois os festivais estimulam bandas e público. Espero que o rock volte com mais força, pois como o próprio Dinho Ouro Preto disse, "comecei a tocar quando vi Renato Russo e a banda Aborto Elétrico tocando em frente a uma lanchonete em troca de um hamburguer". É claro que são outros tempos, mas há 30 anos atrás era muito mais difícil chegar ao topo do que hoje. Com as mídias sociais, se a galera tiver vontade, pode chegar ao topo também.

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  3. A mídia não apoia o rock, pois esse tipo de música abre a mente das pessoas, nos tira do transe e nos liberta. Fico chateada ao ver que Entre Rios não investe no rock, a mesma situação que se vê nas cidades vizinhas. Só vejo sertanejo e funk por toda parte, nas rádios, nas boates, nos carros... Quando venho para Entre Rios fico a maior parte do tempo em casa para não ter que presenciar esse tipo de coisa.
    Como você disse, temos que apoiar nossas bandas de rock, caso contrário elas desaparecerão.
    Adorei a forma como você se expressou, parabéns pelo texto e pelo blog.
    Abs
    http://daquioitentaanos.blogspot.com/

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  4. Obrigado pelo carinho Layla. Vamos incendiar a galera com a ideia dos festivais e movimentos de música, principalmente de rock. Viva o rock!

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